Sobre a alegria
- Sâmila Candeia
- 1 de jun.
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Na experiência como sujeito, de modo geral, temos tendência a somar nossos males. A queixa, o lamento, a ruminação sobre aquilo que nos falta ou nos aflige.
Em "Sobre a alegria", Deleuze, no curso sobre Spinoza de 1978, afirma que é no acúmulo das tristezas que uma neurose ou uma depressão podem se instalar. Spinoza propõe o inverso: em vez de fazer a soma das nossas tristezas, façamos a escolha de um ponto de partida local sobre uma alegria com a condição de que sintamos que ela nos concerne verdadeiramente.
Do ponto de partida mínimo, por menor que seja, o trabalho é estender a alegria, ganhar espaço nas proximidades. É um trabalho da vida. Tentamos diminuir a porção respectiva das tristezas em relação à porção de uma alegria que se expande.
Na clínica, isso pode se traduzir na busca por recursos simbólicos. Não é uma busca por uma felicidade utópica, mas um trabalho contínuo de dar espaço e nutrir aquilo que faz potência e vitalidade.
Gilles Deleuze, 'Curso de 24 de Janeiro de 1978' – "Cursos Sobre Spinoza [Vincennes, 1978-1981]".