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Psicanálise e psicoterapia

  • Foto do escritor: Sâmila Candeia
    Sâmila Candeia
  • 8 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jul.

Comecei a ler Psicanálise e psicoterapia, de Radmila Zygouris, psicanalista francesa de origem iugoslava, e nas primeiras páginas me deparei com o que vem sendo uma reflexão há algumas semanas no meu trabalho clínico. A elaboração que ela faz me deu as palavras que eu procurava:


"De modo geral, são os psicanalistas menos rigorosos quanto à oferta de uma análise "pura" os que produzem menos estragos. Eles não se apressam e se dão o tempo de preparar, de certo modo, o terreno e domar a angústia face à "demanda" de PSICANÁLISE. Demanda que é, antes de mais nada, a do psicanalista. Às vezes, a psicanálise me parece ser um grande corpo doente que demanda cuidados intensivos, portanto uma obediência absoluta. E são os pacientes que acabam se tornando os cuidadores do corpo doente da psicanálise. Que trabalheira! Quando os analistas se sentem mais livres em permitir que o analisando questione o dispositivo, um espaço costuma se liberar para a análise de um sujeito singular que reinventa, pelo menos em parte, sua própria análise. Em oposição a isto, aqueles que "brincam" precocemente de analista puro, os que se enredam na representação do analista, acabam conseguindo apenas... a fuga do paciente ou uma submissão inanalisável. Nesses casos, parece-me absurdo falar em resistência do analisando à análise.

Eu me pergunto, então, se são os pacientes que resistem à psicanálise ou se são os analistas que resistem em analisar sua aversão de ser em toda humildade terapeutas? Às vezes precisamos de anos de "preparação" para que um paciente não conforme possa usufruir de uma "análise" clássica. Esses anos de preparação são às vezes constituídos por processos muito complexos ainda que silenciosos, que se assemelham a uma psicoterapia; pode acontecer de alguns acabarem fazendo uma análise secreta e discreta, disfarçada de terapia de apoio ou até de uma troca banal, mas constante. Trata-se muitas vezes de uma análise totalmente atípica e subterrânea, na qual as expressões discursivas não figuram em primeiro plano. Alguém já disse, e me parece muito correto, que uma psicoterapia é uma psicanálise muito complicada."

 
 
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