O ato de ver só se manifesta ao abrir-se em dois, ou seja, o que vemos vive em nossos olhos pelo que nos olha.
Muitas vezes nos deparamos com o que outra pessoa diz sobre algo que fizemos e sentimos que o que foi dito parece injusto ou falso. Muitas vezes outra pessoa está dizendo de nós algo que parece fazer mais sentido com outra vida que não a nossa. Podemos pensar que o que acontece é uma projeção.
Em psicanálise, a projeção é um mecanismo de defesa que, em alguma medida, por negação, faz diminuir a ansiedade ou a culpa de quem se projeta no outro. Quando acontece, as sensações desagradáveis aparecem como se pertencessem a quem a projeção se direciona. Como um espelho. Outras vezes o que o outro diz sobre nós faz sentido e nos faz pensar sobre como estamos funcionando e nos relacionando.
Nas duas situações é possível construir maneiras de lidar com o que sentimos, com nossos fluxos, de modo que possamos visualizar os acontecimentos e tentar pensar como a nossa postura pode mudar em relação ao outro. A responsabilidade de incômodos que sentimos não se localiza somente no outro. Muitas vezes a responsabilidade é compartilhada. O que está acessível a nós é a nossa responsabilidade e o nosso sintoma.
Fica a pergunta: Como estou implicada no meu próprio sofrimento?