É comum na clínica que algumas pessoas iniciem um processo analítico e permaneçam por uma a quatro sessões. Uma possibilidade é que ao se deparar com não ter seus problemas resolvidos de imediato, com não conseguir o "resultado" esperado, a frustração se torna insuportável e a solução é se retirar. Outra é que o efeito terapêutico das primeiras sessões tenha sido experimentado: o alívio para o mal-estar em descarrego, catarse, desabafo.
Me parece importante dizer que o esforço de uma análise se direciona a uma mudança da posição subjetiva do sujeito. Um alívio do sintoma não muda a forma da relação.
Enquanto houver inconsciente teremos trabalho de investigação em análise. E é por isso que se chama trabalho: não vai ser simples ou fácil. Mas a angústia de não saber os destinos de um discurso pode ficar mais suportável com o tempo. É falando livremente que o inconsciente se apresenta.
Assim, é possível perceber como esse funcionamento se dá: criando novas perguntas, falando do que não se sabe; como “por que fiz o que fiz?” ou “como posso repetir isso tantas vezes se já sei que me entristece?”. São questões pertinentes para trazer ao campo analítico. Pelas perguntas, nas tentativas de respostas, falando sobre o não sei implícito podemos chegar a uma outra perspectiva sobre si.